terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Amor Morreu

Encosta-te a mim,
Agora que caminhamos para o fim,
Já passámos meia vida juntos,
Recheada de momentos turbulentos …

Caminhamos a dois,
Tantas vezes como desconhecidos,
E lembras-te como era depois?
Como nos atacávamos enfurecidos?

Tantas vezes ali sentados,
Com os dois corpos afastados,
Aprisionados sem liberdade,
Sem um único rasgo de cumplicidade …

Nem sorrimos,
Limitamo-nos a representar,
Sobre tudo o que sentimos,
E que tanto nos está a afastar …

Como foi que chegámos aqui?
Ainda ontem nos amávamos,
E entre lágrimas te possuí,
E hoje? Hoje ainda nem falámos …

Olho para ti e nem sei quem és,
Sei que tens um ar que me é familiar,
Até juraria que em sonhos te beijei os pés,
E não sei porque deixei de te amar …

Por fora estás igual,
Com o mesmo traço de apaixonar,
Mas quem me consegue explicar
O porquê de agora me pareceres banal?

Ainda vamos trocando,
Sorrisos e gestos de conveniência,
Que vão assegurando,
A nossa sobrevivência …

Gestos que vão acontecendo,
Quando te descomplicas,
Quando a tua maldade vai amolecendo,
E paras com as tuas críticas …

Mas até esses rasgos de personalidade,
Que outra hora tanto amei,
São agora o reflexo da tua maldade,
Aquela com que tanto me magoei …

Tenho pena.

Tenho pena de não continuarmos genuínos,
De termos esquecido o que é o amor,
De termos defraudado os nossos destinos,
E nos termos afundado em dor …

Mas ainda guardo a vibração,
Que sentia quando te beijava,
Recordo o sabor da emoção,
E o quanto na realidade te amava …

Mas já é tarde demais,
Já nem conseguimos falar,
Lutamos como dois animais,
Que já nem se sabem respeitar …

Ao fim ao cabo,
Morreu em grande dor,
O que tanto devia ter sido respeitado,
A pureza do nosso amor.

"In Entre Suspiros" Nuno de Freitas
Encomendas: nunodefreitas@gmail.com :)